Do dorso, dos ombros, dos braços e do cotovelo

AS REGRAS DE CORTESIA
1 Parte-DA MODÉSTIA


CAPÍTULO XI
Do dorso, dos ombros,
dos braços e do cotovelo
É muito indecente dobrar o dorso como quem carrega um fardo pesado nos ombros; e é preciso acostumar-se e fazer as crianças tomarem o hábito de se manter sempre ereto. Também se deve evitar com cuidado erguer os ombros e fazer um dorso enorme, e
se deve ter atenção de não manter os ombros obliquamente e não baixar um mais que o outro.
A boa educação não permite que, ao caminhar se voltem os ombros de um lado ao outro, como o pêndulo de um relógio, nem adiantar um antes do outro. Isto manifesta um espírito soberbo e uma pessoa
que pretende mostrar-se como tal.
Também não se deve voltar o dorso e nem os ombros quando se fala a alguém ou que alguém nos fala.
É uma grande falta de cortesia estender e alongar os braços, torcê-los de um lado e do outro, mantê-los atrás do dorso, ou colocá-los no lado, como algumas vezes fazem as mulheres quando estão com raiva e proferem injúrias a outras.
Também não se deve balançar os braços ao caminhar, mesmo sob pretexto de, por esse meio, andar mais depressa e percorrer mais caminho.
Também não se deve manter os braços cruzados; esta é uma modéstia própria dos religiosos e não convém aos seculares. A postura que lhes assenta bem é que sejam colocados na frente, levemente contra o corpo, mantendo as duas mãos uma na outra.
É totalmente contra a civilidade encostar-se ao escutar alguém que nos fala; e ainda pior é fazê-lo à mesa, e é faltar muito ao respeito para com Deus manter essa atitude ao rezar.
Evite-se com muito cuidado bater alguém ou empurrá-lo com o cotovelo, mesmo por familiaridade ou por brincadeira; nunca se deve agir assim quando se quer falar a alguém, nem mesmo colocar a mão sobre o braço dele.
Um modo bem rústico é repelir alguém que se chega até nós para nos falar, erguendo o braço como para bater e para o afastar de nós, ou empurrando-o rudemente com o cotovelo. A mansidão, a humildade e o respeito para com o próximo devem sempre se
manifestar em nossa conduta.