Encarnação, Nascimento e Infância de Jesus Cristo- por Santo Afonso de Ligorio- Prefacio

Encarnação, Nascimento e Infância de Jesus Cristo
POR
S. AFONSO MARIA DE LIGÓRIO


 
Doutor da Igreja e Fundador da Congregação Redentorista
Tradução do
Pe. OSCAR DAS CHAGAS AZEREDO, C.Ss.R.


PREFÁCIO
Com sumo prazer entregamos ao público a tradução deste livro escrito pelo Doutor da Igreja S. Afonso Maria de Ligório. Esse Serafim de amor era incansável em meditar os mistérios sacrossantos em que se patenteia com mais evidência o amor divino ao homem. As suas três grandes devoções foram: berço, cruz, sacramento, isto é, a santa Infância do Verbo Encarnado, a Sagrada Paixão do Redentor e a divina Eucaristia, que encerra Jesus vivo nos nossos tabernáculos. A sua linguagem é simples, produzida por um coração abrasado, pois o amor, quando verdadeiro e sincero, não conhece circunlóquios de estilo rebuscado; daí a repetição edificante do: “Amo-vos, meu Jesus”, que aparece freqüentes vezes e cada meditação ou consideração. Os atos de amor divino, tão aconselhados pelos autores da vida espiritual, são necessários para alimentar o fogo sagrado nos corações. As almas que amam a Deus não conhecem palavra mais doce do que esta: Amo; arrependo-me. Os corações abrasados de amor divino sentem alegria e consolação na repetição dessa palavra, a única que de fato brota espontânea dum Serafim.
Esta obra, composta por S. Afonso em 1750, faz parte das obras ascéticas do Santo Doutor, e contem primeiro a Novena de Natal, devoção essa que atraía particularmente o coração de S. Afonso, e que ele recomenda freqüentemente em seus numerosos escritos. São nove Considerações piedosas sobre os mistérios da Encarnação, do Nascimento e da Infância de Jesus Cristo, para servirem de leitura espiritual durante o Advento ou nos nove dias que precedem à festa do Natal. O autor, com a piedade, a ciência e a unção inimitáveis, que lhe são próprias, mostra-nos, dum lado, o amor que o Filho de Deus nos testemunhou por suas humilhações e suas dores desde o primeiro instante de sua vida temporal, e do outro, o reconhecimento, a confiança, o amor, o devotamento, que lhe devemos em retorno, e a conduta que devemos ter, justos ou pecadores, para cumprir essa grande obrigação.
A seguir, vêm dois outros discursos, dos quais o primeiro descreve, até os menores detalhes, as circunstâncias tocantes do Nascimento do Salvador, e o segundo explica as virtudes celestes do Nome de Jesus. Essa é, por assim dizer, a primeira parte do volume. A segunda compõe-se de sessenta e seis Meditações para todos os dias do Advento e para as festas do Natal e da Epifania, sobre os mesmos mistérios, desde a Encarnação até a perda de Jesus no templo. Encerrando o volume encontram-se treze exemplos, ou aparições de Jesus Menino, destinados à edificação do leitor, como prova de que o Senhor aceita as homenagens prestadas à sua Infância.
Esta tradução aparece como modesta contribuição aos festejos do cinqüentenário da chegada dos primeiros Redentoristas ao Brasil. Aos filhos espirituais do grande Doutor, nos cinqüentas anos de missões e trabalhos apostólicos, não têm cessado de, a exemplo de seu Santo Fundador, espalhar por toda a parte a devoção à santa Infância de Jesus, onde, apalpamos, por assim dizer, a bondade e o amor do Verbo Encarnado às almas.
Oxalá possam estas meditações, compostas pelo Doutor da Oração, acender nos corações o braseiro do amor divino, e levar as almas à mais alta perfeição, contribuindo assim para o fim das missões populares, que não é outro senão ganhar almas para Deus e difundir sempre mais o reino de Nosso Senhor. O Deus Menino digne-se abençoar esta tradução, que não visa senão a maior glória de Deus e o bem das almas.
Aparecida, 6 de janeiro de 1942.
Pe. Oscar das Chagas Azeredo, C.Ss.R.