O VERBO ETERNO DE INOCENTE SE FEZ RÉU.
Consolamini, consolamini, popule meus, dicit Deus vester.
Consolai-vos, meu povo, consolai-vos, diz vosso Deus. (Is 40,1)
Antes da vinda do Redentor, gemiam todos os homens, miseravelmente aflitos, sobre a terra. Eram todos filhos da cólera, e não havia quem pudesse aplacar o Senhor justamente irritado por seus pecados. Isso fazia chorar o profeta Isaías: Eis, dizia ele a Deus, eis que estais irritado... Não há ninguém.... que se levante para reter vosso braço vingador (Is 64,5-7). Ele falava verdade: um Deus tinha sido ofendido pelo homem, e este, não passando de mísera criatura, não podia expiar com nenhuma pena sua a ofensa feita a uma Majestade infinita. Era necessário um outro Deus para satisfazer em seu lugar à divina justiça. Mas esse outro Deus não existia; não pode haver mais de um Deus. De outro lado o ofendido não pode satisfazer a si mesmo pela ofensa recebida. Assim a nos-sa desgraça era irremediável.
Mas, consola-te, ó homem, diz o Senhor por Isaías. Consolai-vos, sim, consolai-vos, meu povo...,pois os vossos males estão terminados (Is 40,1). Deus mesmo achou o meio de salvar-vos contentando ao mesmo tempo a sua justiça e a sua misericórdia: Ei-las que se dão o ósculo da paz, segundo o Salmista (Sl 84,11). Como se realizou essa maravilha? O Unigênito de Deus se fez homem, tomou a forma do pecador e, encarregando-se das dívidas do homem, satisfez plenamente por eles à justiça divina pelos sofrimentos de sua vida e por sua morte. Por esse meio, a justiça e a misericórdia receberam ao mesmo tempo tudo o que reclamavam.
Assim para livrar os homens da morte eterna, Nosso Senhor Jesus Cristo se despojou de certo modo da sua inocência. De inocente se fez réu; isto é: quis aparecer como pecador. Sim, a isso o reduziu o seu amor por nós. Vamos considerar esse grande mistério; mas antes, peçamos a Jesus e Maria nos iluminem para que o façamos com fruto.
PARTE I.
Que era Jesus Cristo? Era, responde-nos o apóstolo, santo, inocente, sem mancha (Hb 7,26). Era, digamos ainda melhor: a santidade personificada, a inocência, a pureza, pois que era verdadeiro Filho de Deus, verdadeiro Deus como seu Pai, e tão caro a seu Pai que, nas águas do Jordão, seu Pai declarou ter encontrado nesse Filho todas as suas complacências. Ora, esse Filho amado, querendo livrar os homens de seus pecados e da morte a eles devida, que fez? Apresentou-se a seu Pai para tirar os nossos pecados (1Jo 3,5). Ofereceu-se para satisfazer pelos homens; e então o Pai Eterno, diz S. Paulo, o enviou à terra para se revestir da carne humana e se tornar em tudo semelhante aos homens pecadores (Rm 8,3). O apóstolo ajunta: Pelo pecado (cometido pelos judeus contra Jesus Cristo) Ele condenou o pecado (que reinava) na carne, o que significa, segundo a explicação de S. João Crisóstomo e de Teodoreto, que Deus condenou o pecado a perder o império que tinha sobre os homens condenando à morte seu divino Filho, que, embora revestido de carne aparentemente manchada de pecado, não era menos santo e inocente.
Assim, para salvar os homens e para ver ao mesmo tempo sua justiça satisfeita, Deus condenou seu próprio Filho a uma vida penosa e a uma morte cruel! — É isso verdade? É um ar-tigo de fé. S. Paulo nos assegura com as palavras: Deus não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós (Rm 8,32). E Jesus Cristo mesmo o declarou: Deus amou de tal modo o mundo, que lhe deu seu Filho unigênito (Jo 3,16). Célio Rodígino narra num certo Dejótaro que sendo pai de vários filhos, e querendo deixar toda a herança a um filho que ele preferia a todos os outros, cometeu o bárbaro crime de degolar a estes últimos. Deus fez justamente o contrário: sacrificou seu dileto Filho, o seu Unigênito, para salvar criaturas desprezíveis e ingratas. Pois Deus amou de tal modo o mundo que entregou seu unigênito Filho!
Meditemos bem estas palavras de Nosso Senhor: Deus amou de tal modo o mundo. A palavra de tal modo lá está, diz S. João Crisóstomo, para exprimir a grandeza desse amor. Como? Digna-se um Deus amar os homens, miseráveis vermes da terra, que levaram até à revolta a sua ingratidão para com Ele? E ama-os ao ponto de dar por eles seu unigênito Filho! Não entregou por eles um de seus servos, ajunta o Santo Doutor, não um anjo, nem um arcanjo, mas o seu próprio Filho, o seu unigênito Filho, a quem ama como a si mesmo. Esse Filho Ele o deu, e como? Pobre, humilhado, abandonado de todos, entregou-o às mãos dos algozes, para ser tratado como um malfeitor e pregado num patíbulo infame! — Ó graça, ó força do amor de Deus, exclama aqui S. Bernardo. Ah! quem se não enterneceria ao saber que um rei, para libertar um escravo, se viu constrangido a dar a morte a seu filho único, ao objeto de todas as suas afeições, a um filho que amava como a si mesmo? Se um Deus o não tivesse feito, quem poderia, exclama S. João Crisóstomo, quem poderia superá-lo ou imaginá-lo?
Mas, Senhor, parece uma injustiça condenar à morte um filho inocente para salvar o escravo que vos ofendeu. Segundo a razão humana acusaríamos certamente de enorme injustiça o pai que fizesse morrer o filho inocente, para livrar indignos ser-vos da morte devida a seus crimes. É a reflexão de Salviano. Mas não houve injustiça na conduta divina, porque o Filho mesmo se ofereceu a seu Pai para pagar as dívidas dos homens. Foi imolado porque Ele mesmo quis, diz Isaías. Eis pois Jesus que se sacrifica voluntariamente por nós, como vítima de amor. Ei-lo semelhante a um tenro cordeiro sob a mão do tosquiador; e embora inocente submete-se, sem abrir a boca, a todos os opróbrios, a todos os tormentos que os homens lhe infligem: Como um cordeiro diante do que o tosquia, guardará silêncio e não abrirá sequer a sua boca, continua o profeta (Is 53,7). Eis enfim o nosso amantíssimo Salvador que, para nos salvar, quer padecer a morte e todas as penas que temos merecido: Verdadeiramente Ele tomou sobre si as nossas fraquezas, e ele mesmo carregou com as nossas dores (Is 53,4). Levado ao desejo de garantir a salvação dos homens, diz S. Gregório de Nazianzo, ele não recua diante dos suplícios feitos para os maiores criminosos.
E quem pôde fazer isso? pergunta S. Bernardo. Qual foi a causa desse prodígio: um Deus que morre por suas criaturas! Fê-lo o amor de Deus pelos homens. O Santo considera nosso amável Salvador no momento em que se deixou prender e ligar pelos soldados no jardim de Getsêmani, como narra S. João: Prenderam a Jesus e o ataram: “Senhor, exclama ele, que há de comum entre vós e as cordas?” Senhor, diz ele, eu vos vejo atado como um criminoso por essa gentalha que vos quer conduzir à morte! Mas, ó meu Deus, que tendes a fazer com as cordas e as cadeias? As cadeias são para os malfeitores e não para vós, que sois inocente, que sois o Filho de Deus, a ino-cência e a santidade mesma. A isso replica S. Lourenço Justi-niano: As cordas que arrastaram Jesus à morte não foram as cordas com que os soldados o amarraram, foi o seu amor pelos homens. “Ó caridade, exclama ele a seguir, quão forte é o teu vínculo que pôde prender um Deus!”
Lançando em seguida seus olhares sobre a injusta sentença de Pilatos, que condena Jesus à cruz depois de o haver declarado várias vezes inocente, S. Bernardo não pode reter as lágrimas e assim se dirige ao Salvador: Ah! Senhor, ouço esse juiz iníquo que vos condena a morrer na cruz! Mas, que mal fizestes? que crime cometestes para merecer suplício tão cruel e tão infame reservado aos mais hediondos facínoras? Ah! entendo, meu Jesus, continua ele, entendo qual é o vosso crime; é o excesso do vosso amor pelos homens. Sim, é antes esse amor do que Pilatos, que vos condena à morte; pois que vós mesmo quisestes morrer para pagar a pena devida aos homens.
Ao chegar ao tempo de sua Paixão, nosso divino Redentor suplicou a seu Pai o glorificasse logo aceitando o sacrifício de sua vida: E agora, meu Pai, glorificai-me (Jo 17,5). “Mas como! exclama admirado S. João Crisóstomo, chamais glória vossa uma Paixão e uma morte, acompanhadas de tantas dores e humilhações?” E lhe parece que Jesus lhe responde: “Sim, no meu amor pelos homens, tenho por glória sofrer e morrer por eles”.
PARTE II.
Dizei aos pusilânimes: Tomai ânimo e não temais; eis que vosso Deus trará a vingança e as represálias. Deus mesmo virá, e vos salvará (Is 35,4). Não temas, pois, diz o profeta, já não desconfieis, pobres pecadores. Como podeis temer não serdes perdoados quando o Filho de Deus desce do céu para vos salvar, e com o sacrifício de sua vida paga a Deus o que a sua justa vingança tinha direito de exigir por vossos pecados? Se as vossas ações são insuficientes para aplacar a cólera divina, eis que a aplaca esse Menino que vedes deitado sobre palha, a gemer de frio, a chorar. Com suas lágrimas Ele aplaca Aquele a quem ofendestes. “Não tendes razão de vos afligir, ajunta S. Leão, por causa da sentença de morte pronunciada contra vós, pois que hoje nasceu-vos Aquele que vos trás a vida”. E S. Agostinho: “Eis um dia de doçura para os penitentes: hoje apagou-se o pecado; que pecador poderia ainda de-sesperar de sua salvação?” Se não podeis prestar à justiça divina a satisfação que lhe deveis, eis que Jesus a oferece em vosso lugar: começou a fazer penitência por vós nessa gruta, continuará essa obra de caridade durante toda a sua vida, e a consumará na cruz, pregando toda a sua vida, e a consumará na cruz, pregando nela, como diz S. Paulo, o decreto de vossa condenação para o apagar com seu sangue: Cancelando o qui-rógrafo do decreto que nos era desfavorável, que era contra nós, e o aboliu inteiramente, encravando-o na cruz (Cl 2,14).
Diz o mesmo apóstolo que, morrendo por nós, Jesus Cristo se fez nossa justiça. E isso, explica S. Bernardo, no sentido de que Ele nos lavou de nossos pecados. E com efeito, aceitando por nós as dores e a morte de Jesus Cristo, Deus está obrigado por justiça, em virtude dum pacto entre Ele e o Salvador, a conceder-nos a remissão de nossas dívidas. Aquele que não conhecia o pecado, diz ainda S. Paulo, Deus o fez vítima do pecado, a fim de que sejamos por Ele justos aos olhos de Deus (2Cor 5,21). A inocência mesma tornou-se vítima dos nossos pecados, a fim de que, em virtude de seus méritos, e segundo toda a justiça, tivéssemos direito ao perdão. Eis por que Davi pedia a Deus que o salvasse, não só segundo a sua misericórdia, mas ainda segundo a sua justiça: Livrai-se na vossa justiça (Sl 30,12).
Deus sempre teve um extremo desejo de salvar os pecadores. Já na antiga lei Ele os seguia dizendo: Transgressores dos meus preceitos, entrai em vós mesmos (Is 46,8). Pensai nos benefícios que de mim recebestes, no amor que vos testemunhei, e cessai de ofender-me. Voltai-vos a mim (Zc 1,3), e eu me voltarei a vós para vos abraçar. Vós que sois meus filhos, por que vos quereis perder e condenar à morte eterna? voltai-vos a mim, e vivereis (Ez 21,31).
Enfim a misericórdia divina do Senhor o fez descer do céu à terra, para nos subtrair à morte; assim afirma S. Zacarias: Pelas entranhas da misericórdia do nosso Deus, graças à qual nos visitou do alto o Sol nascente (Jesus) (Lc 1,78). Mas é preciso refletir aqui no que diz S. Paulo: antes que Deus se fizesse homem, Ele era cheio de misericórdia por nós, mas não podia sentir compaixão de nossas misérias, porque a compaixão é um sentimento doloroso, e Deus é incapaz de dor. Ora, segundo o apóstolo, o Verbo Eterno se fez homem, sensível à dor como os outros homens para poder não só salvar-nos mas também ter compaixão de nós: Não temos um pontífice que não possa compadecer-se das nossas enfermidades, mas que foi tentado em tudo à nossa semelhança, exceto o pecado. Ele deveu em tudo ser semelhante a seus irmãos, a fim de ser compassivo (Hb 2,17).
Quão grande é a compaixão de Jesus Cristo para com os pobres pecadores! Disso nos dá uma idéia, tomando os traços daquele bom Pastor que vai à procura da velha desgarrada, e que, depois de achá-la, convida seus amigos a regozijarem-se com ele: Congratulai-vos comigo, porque achei a minha ovelha que se havia tresmalhado (Lc 15,6). Toma-a sobre os ombros e aperta-a a si de medo de tornar a perdê-la.
É por causa dessa compaixão que Ele se representou sob o emblema daquele bom pai que vendo de volta, e prostrado a seus pés, o filho pródigo que o havia deixado, não o repele, mas o abraça, o cobre de carícias e quase fica fora de si de consolação e ternura vendo-o arrependido. Correndo, lançou-lhe os braços ao pescoço e beijou-o (Lc 15,20). É essa compaixão que faz que, expulso duma alma pelo pecado, não se afasta, mas permanece à porta de seu coração, em que não cessa de bater por meio de suas graças para nele entrar: Estou à porta, diz Ele, e bato (Ap 3,20). É essa compaixão que o fazia dizer a seus discípulos, cujo zelo indiscreto queria tirar vingan-ça dos que o haviam repelido: Vós não sabeis de que espírito sois (Lc 6,53). Vedes qual é minha compaixão para com os pecadores e desejais vingança? Ide; retirai-vos, porque não estais animados do meu espírito. É essa compaixão enfim que o fez dizer: Vinde a mim todos os que trabalhais e vos achais carregados, e eu vos aliviarei (Mt 11,28).
E de fato, com que ternura esse amável Redentor perdoou a Madalena logo que ela reconheceu suas faltas, e a converteu numa grande santa! Com que bondade perdoou ao paralítico, ao qual restituiu ao mesmo tempo a saúde do corpo! Com que bondade se portou sobretudo para com a mulher adúltera! Os sacerdotes levaram-lhe essa pecadora para que Ele a condenasse. Mas, voltando-se para ela, disse-lhe: Ninguém te condenou?... nem eu te condenarei (Jo 8); isto é: se nenhum daqueles que te trouxeram aqui te condenou, como poderia eu fazê-lo, eu que vim salvar os pecadores? Vai em paz e não peques mais.
Nada temamos de Jesus Cristo; temamos tudo de nós mesmos, de nossa obstinação, se depois de termos ofendido o Senhor, recusarmos obedecer à sua voz, que nos convida à reconciliação. Meditemos estas palavras de S. Paulo: Quem deveria condenar-nos? O Cristo Jesus que morreu... e que continua a interceder por nós (Rm 8,34). Se quisermos obstinar-nos no pecado, Jesus Cristo será obrigado a condenar-nos; mas se nos arrependermos do mal que fizemos, que medo havemos de ter? Quem nos há de condenar? Não é o nosso próprio Salvador que morreu para não nos condenar? Para perdoar a nós, não quis perdoar a si mesmo, diz S. Bernardo.
Vai, pois, pecador, ao estábulo de Belém, e agradece a Jesus Menino que treme de frio por ti naquela gruta, que geme e chora por ti sobre a palha. Agradece a teu divino Redentor que veio do céu para te chamar e salvar. Se desejas o perdão, Ele te espera no presépio para to conhecer. Apressa-te, pois, pede-lhe perdão e depois não percas a lembrança do amor que Jesus te testemunhou. Não te esqueças, diz o profeta, da imensa graça que te fez tornando-se fiador por ti junto de Deus e tomando sobre si o castigo que havias merecido. Não o esqueças e dá-lhe o teu coração. E saibas que, se o amares, os teus pecados não te impedirão de receber de Deus as mais abundantes e assinaladas graças, com que costuma favorecer as almas que lhe são mais caras. Tudo contribui para o nosso bem (Rm 8,28), diz o apóstolo; mesmo os nossos pecados, ajunta a Glosa. Sim, mesmo a lembrança das suas faltas é útil ao pecador que as chora e detesta, porque assim se torna mais humilde e mais grato para com Deus que o acolhe com tanto amor apesar da sua indignidade. Haverá maior alegria no céu por um só pecador que se converte, disse Jesus, do que por noventa e nove justos (Lc 15,7).
Mas qual é o pecador que causa mais alegria no céu do que um grande número de justos? Aquele que, cheio de reconhecimento para com a bondade divina, se consagra com fervor e sem reserva ao celeste amor, como o fizeram um S. Paulo, uma S. Maria Madalena, uma S. Maria do Egito, um S. A-gostinho, uma S. Margarida de Cortona. Para não falar senão desta última, ainda que ela tivesse passado vários anos no pe-cado, Deus lhe mostrou no céu o seu lugar colocado entre os serafins, e durante a sua vida não cessou de lhe prodigalizar sempre novas graças. Vendo-se tão favorecida por Deus, disse-lhe um dia: “Senhor, concedeis-me tantas graças! Já vos esquecestes das ofensas que vos fiz? — Acaso ignoras, respondeu-lhe o Senhor, a minha promessa de esquecer todos os ultrajes a mim feitos por uma alma que se arrepende sinceramente?” E de fato, é justamente isso que Ele declarou pelo profeta Ezequiel: Se o ímpio fizer penitência, eu não me lembrarei mais de nenhuma das iniqüidades que praticou (Ez 17,22).
Concluamos. Os pecados cometidos pois não nos impedem de tornarmo-nos santos. Deus oferece-nos todos os seus socorros contanto que os desejemos e os peçamos. Que resta ainda? Que nos demos inteiramente a Deus, que lhe consagremos ao menos os dias que ainda nos restam de vida. Eia, pois, que fazemos? Se não avançamos, a culpa é nossa, não de Deus. Façamos com que essas misericórdias e esses ternos convites que Deus nos faz, não sejam para nós uma fonte de remorsos e desespero na hora da morte, quando não tivermos mais tempo de fazer coisa alguma, quando chegar a noite, da qual diz Jesus: Vem a noite, quando ninguém pode trabalhar (Jo 9,14).
Recomendemo-nos à SS. Virgem Maria, que, segundo S. Germano, se gloria de santificar os pecadores mais perdidos obtendo-lhes não só uma graça ordinária de conversão, mas os mais assinalados favores. E Ela bem o pode fazer, pois que todas as súplicas que dirige a Jesus, são pedidos duma mãe a seu filho: “Gozando junto de Deus duma autoridade verdadeiramente material, obtendes aos maiores pecadores exímia graça de perdão”; assim fala o santo Arcebispo. Ela mesma nos anima a recorrermos à sua intercessão com as palavras que a Santa Igreja lhe põe nos lábios: Em meu poder estão os tesouros para enriquecer os que me amam (Eclo 24,25). “Vinde todos a mim, porque em mim, achareis toda a esperança de salvar-vos e de salvar-vos como santos”.
Santo Afonso Maria de Ligorio