O JOVEM INSTRUÍDO-Para conservar a bela virtude

O JOVEM INSTRUÍDO

ARTIGO III.
Para conservar a bela virtude

Toda virtude é nos jovens precioso ornamento que os torna queridos de Deus e os homens.Mas a virtude rainha, a virtude Angélica, a santa pureza é um tesouro de tal valor, que os jovens que a possuem tornaram-se iguais aos anjos de Deus no Céu, embora vivam ainda na terra: Erunt sicut ángeli Dei in coelo, são palavras do Senhor.Esta virtude é como o centro ao redor do qual se congregam e se conservam todos os bens e se por desgraça se vier a perder, perdem-se também todas as demais virtudes.Venérunt autem mihi ómnia bona páriter cum illa, diz o Senhor.
Mas esta virtude, meus jovens, que vos torna outros tantos anjos do Céu, esta virtude que tanto agrada a Jesus e a Maria, é muito combatida pelo inimigo das almas, que costuma dar-vos terríveis assaltos para vo-la fazer perder ou para levar-vos a manchá-la.Por este motivo eu vos indico algumas normas ou armas espirituais, com as quais certamente conseguireis conservar a virtude e repelir o inimigo tentador.
A arma principal é o recolhimento.A pureza é um diamante de grande valor; ora, se alguém se expor com o tesouro a vista dos ladrões, corre grande perigo de ser assassinado.São Gregório Magno declara que se alguém carrega em publico um tesouro pela rua, é sinal que quer ser roubado.
Ao recolhimento acrescentai o uso freqüente da confissão sincera, da comunhão devota e a fuga dos que, com os atos ou com as conversas mostram que não apreciam esta virtude.
Para prevenir os assaltos do demônio, recordai aquele aviso do salvador: Este gênero de demônio, isto é, as tentações contra a pureza, só se vencem com o jejum e com a oração.Com o jejum, isto é, com a mortificação dos sentidos refreando os olhos, a gula, fugindo do ócio, não dando ao corpo senão o descanso estritamente necessário.Jesus Cristo recomenda que se deve recorrer a oração, mas a oração fervorosa é cheia de fé, não a deixando até que tenha sido afastada a tentação.Tendes também armas formidáveis nas jaculatórias, isto é, invocando os santos nomes de Jesus, e José e de Maria.Dizei portanto amiúde: Meu Jesus, misericórdia.Jesus, salvai-me.Maria, concebida sem pecado, rogai por mim que recorro a vós.Maria, auxílio dos Cristãos, rogue por mim.Doce coração de Maria, sede a minha salvação.Sagrado coração de meu Jesus, não Vos quero tornar a ofender.É também muito eficaz beijar o santo Crucifixo, a medalha ou o escapulário de Nossa Senhora.
Mas, se todas as armas não foram suficientes para afastar a tentação maligna, recorrei então á arma invencível, que é a presença de Deus.Estamos nas mãos de Deus, que tudo vê, que é o Senhor absoluto de nossa vida e pode fazer-nos morrer no instante.E nós teremos a ousadia de ofendê-Lo em sua presença?O Patriarca José, quando estava como escravo no Egito, sendo tentado para cometer uma ação nefanda, respondeu logo á pessoa que o tentava: Como poderei eu cometer este pecado na presença de meu Senhor?E vós dizei também: Como poderei eu deixar-me induzir a cometer este pecado na presença de Deus, do meu criador, do meu Salvador, Daquele Deus que só num instante pode tirar-me á vida, como vez ao primeiro que cometeu estes gêneros de pecados?Na presença Daquele Deus que, no mesmo ato em que eu O ofendo, pode precipitar-me nas penas eternas do inferno?
De minha parte, creio ser impossível que se deixe vencer de tais tentações e perigos quem recorre ao pensamento da presença de Deus.


Dom Bosco