A súplica da Mãe ao seu Filho por sua
esposa e por outra santa pessoa; sobre como a súplica da Mãe é recebida por
Cristo, e sobre a certeza a respeito da verdade ou falsidade em relação a
santidade de uma pessoa nesta vida.
Livro 2 - Capítulo 30
Maria falou a seu Filho dizendo: “Meu
Filho, conceda à sua nova esposa o presente de que seu preciosíssimo corpo
possa se enraizar em seu coração, de forma que, ela mesma possa seja
transformada em ti e ser preenchida com teu deleite!” Então ela disse: “Este
santo homem, quando estava vivendo no tempo, foi tão firme na fé como uma
montanha ilesa na adversidade, não distraído pelo prazer. Ele foi tão flexível
à tua vontade quanto o ar que se move para onde a força do teu Espírito quer
conduzi-lo. Ele foi tão ardente em teu amor quanto o fogo, aquecendo os
crescidos no frio e atingindo os maus. Agora sua alma está contigo na glória,
mas o vaso que usou está enterrado e descansa em um lugar mais humilde do que é
digno. Portanto, meu Filho, eleve seu corpo para uma posição mais digna, faça
essa honra, porque ele te honrou em seu próprio pequeno caminho, eleve-o,
porque ele te elevou ao alto tanto quanto pôde por meio de seu trabalho!”
O Filho respondeu: “Abençoada és tu, que
nada negligencias nos assuntos de seus amigos. Veja, Mãe, não é certo dar o bom
alimento aos lobos. Não é correto enterrar na lama a safira que mantém todos os
membros saudáveis e fortalece o fraco. Não é bom acender uma vela para um cego.
De fato, este homem foi firme na fé e ardente na caridade, já que ele foi
pronto para fazer minha vontade com a maior moderação. Portanto, ele tem sabor
para mim como de alimento bom preparado pela paciência e pela tribulação, doce
e bom na bondade de sua vontade e afeições, ainda melhor em seus viris esforços
para melhorar, excelente e mais terno em seu louvável modo de terminar seus
trabalhos. Portanto, não é correto para tal alimento ser exposto perante os
lobos, cuja fala astuta é nociva para todos.
Ele parece a safira de um anel pelo
brilho de sua vida e reputação, provando ele mesmo ser um noivo de sua igreja,
um amigo de seu Senhor, um preservador da santa fé e um desprezador do mundo.
Então, querida Mãe, não é certo para tal amante da virtude e tão puro noivo ser
tocado pelas criaturas impuras, ou sendo um tão humilde amigo se relacionar com
os amantes do mundo. Em terceiro lugar, pelo seu cumprimento de meus
mandamentos e pelo ensino de uma vida boa, ele foi como uma lâmpada em uma
luminária. Através dos seus ensinamentos, fortaleceu aqueles que estavam de pé
para que não caíssem. Através de seu ensino ele levantou os que estavam caídos.
Assim também, ofereceu inspiração àqueles que podiam vir a me procurar depois
dele.
Os cegos pelo seu amor próprio são
indignos de ver essa luz. Os que tem os olhos doentes de orgulho são incapazes
de perceber essa luz. Pessoas com mãos infectadas não podem tocar esta luz.
Esta luz é detestável para os gananciosos e para os que amam sua própria
vontade. É por isso que, antes que alguem possa ser elevado a uma posição mais
alta, a justiça requer que os que não estão limpos sejam purificados e os que
estão cegos, iluminados.
De qualquer forma, com respeito a esse
homem que as pessoas da Terra estão chamando um santo, três coisas mostram que
ele não era santo. A primeira é que ele não imitou a vida dos santos antes de
morrer; segunda, que ele não estava alegremente pronto para sofrer o martírio
por causa de Deus; terceiro, que ele não teve uma caridade ardente e com
discernimento como os santos. Três coisas fazem uma pessoa parecer santa para o
povo. A primeira é a mentira de um homem enganador e insinuante; a segunda é a
fácil credibilidade dos tolos; a terceira é a cobiça e indiferença de prelados
e examinadores. Se ele está no inferno ou no purgatório não é permitido que
saibas até que chegue o tempo para isso.”